Depois de 178 anos de sua morte o líder balaio Cosme Bento das Chagas, Negro Cosme, foi homenageado com inauguração de uma praça que leva seu nome na cidade de Itapecuru Mirim, onde foi enforcado.
Os pesquisadores durante muito tempo tentaram encontrar nos registros oficiais a data exata da morte deste que é considerado um dos maiores símbolos na luta pela resistência negra em todo o Brasil. Só recentemente foi achado em comunicado do juiz da comarca de Itapecuru Mirim à época informando que o dia era 17 de Setembro de 1842.
Havia também divergência sobre o local do enforcamento. Para alguns pesquisadores a sentença teria sido cumprida no pelourinho, onde hoje fica o prédio do mercado público municipal, inaugurado posteriormente em 31 de dezembro de 1920. Todavia, o documento achado no Arquivo Público do Estado do Maranhão aponta que o ato ocorreu no largo da cadeia pública, hoje Casa de Cultura Professor João Silveira, exatamente onde foi construída a nova praça. Veja foto abaixo.
A Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA) comemorou atitude da atual gestão em homenagear Negro Cosme, o líder balaio é um dos patronos da entidade que há muito lutava por mais reconhecimento daquele que é considerado referência da luta de classes no Maranhão e intitulou a si mesmo de Tutor da Liberdades.
Além dele, o painel exposto na praça com passagens da vida de Negro Cosme é de autoria do artista plástico itapecuruense Beto Diniz que ocupa uma das cadeiras do sodalício, nasceu no local e passou grande parte de sua vida na casa dos pais que residem em frente ao local. Veja a seguir entrevistas concedidas ao programa Itapecuru Notícias desta terça-feira (22).
Dentre as manifestações culturais apresentadas no ato de inauguração chamou atenção o Tambor de Crioula, Roda de Capoeira, declamação de poemas pela poetiza Maria Sampaio e o poeta Moaciene Lima, além de performance do músico e ator Nublado Samba encenando Negro Cosme em seus últimos momentos de vida. Foto abaixo.
A Balaiada
Foi um movimento popular dos maranhenses entre 1838 e 1841 que surgiu como levante social por melhores condições de vida e contou com a participação de vaqueiros, escravos e o povo humilde do estado. Foi a mais lunga e duradoura revolta já registrada na região, seu início está nos arquivos históricos com sendo em 13 de dezembro de 1838 na Vila da Manga, hoje município de Nina Rodrigues, quando o vaqueiro Raimundo Gomes (o Cara Preta) invadiu a cadeia da vila para libertar o irmão, José Egito, que havia sido acusado e preso pelo sub-prefeito da localidade.
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